aluguel de apartamentos blogarama.com Subway Love: Capítulo 1

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Capítulo 1

Tutti estava sonolenta, quase dormindo. O longo cabelo negro de mechas roxas caía-lhe sobre o rosto. Um professor qualquer insistia em falar da Revolução Russa, mas a menina só pensava no saquinho de chicletes vazio que tinha no bolso, e isso lhe causava uma leve onda de depressão. Subitamente, seus olhos verdes fitaram Tarcie, que balançava a cabeça e os cabelos lisos desgrenhados ao rítimo da música, no volume máximo. "Argh, idiota sem-noção" pensou ela, e pegando seu maço de cigarros e o isqueiro, levantou-se:
- Junie, estarei lá embaixo. NÃO me siga!!! - e saiu rapidamente. O professor não se atrevera a segurá-la.
Junie, sem entender nada, olhou para o irmão, e sorriu maliciosamente, voltando rapidamente para o professor, que agora falava sobre Stalin. A garota, de olhar negro penetrante, pele bronzeada e cabelos castanhos bem claros, rajados de louro se perguntava, com ar sonhador, se Stalin fora bonito quando jovem. Virou-se para o lado e contemplou Kléo, que olhava fixamente o lugar que Marcello, seu "amante secreto", ocupava lá na frente, depois disparou:
- Kléo, será que o professor têm filhos? - como se perguntasse algo muito natural.
- Meu Deus, como é que eu vou saber, mulher? Por que isso agora? - o amigo dizia, enquanto era observado pela parte feminina da sala, que exalava suspiros e desconhecia por completo sua opção sexual.
- Ah, sei lá, sabe? 'Tava observando e... sabe, ele parece ter sido um verdadeiro GATO quando jovem! Se ele tiver um filho, deve ser muito lindo!!! TIPO assim, MUITO lindo MESMO! - Junie dizia com verdadeira animação.
- Ah, sossega aí e cala a boca, sirigaita infernal! - brincava Kléo, que já abria o celular de última geração afim de mandar uma mensagem para Marcello. Já não estava querendo ouvir os devaneios de Junie.

Mah hj as 2 no msm lugar steja la!

E clicou "enviar". Quando reparou que Marcello respondia seu recado, pode-se dizer que Kléo estava quase feliz. Do fundo de seu coração, não queria gostar dele, mas já que gostava, melhor aproveitar, né?!

blz lugar d sempre vo t sperah bj

Chegou o frio na barriga! Pensava no que devia vestir e coisas importantes desse tipo quando sua linha de pensamento foi rudemente interrompida por Junie:
- Kléo, você acha que na Rússia tem metrô?
- Hmm, não sei... mas por que você pensando na droga do metrô agora?! Isso cansa, sabia? Pelo amor de Deus, Junie! Vai se tratar! - esbravejava, já sem paciência.
- Ah é, falando em tratar, vamos comigo na clínica de estética hoje? meio pálida, preciso de uma sessão de bronzeamento... - sibilava Junie, olhando para os braços para provar que estava pálida.
- Não dá, tenho uns compromissos aí...Vamos outro dia, ? - Kléo disse, corado. Junie já sabia, olhou para Marcello com aquela cara de reprovação que aprendera com sua mãe. "Tsc tsc" pensou ela. Haha! O sinal tocou, graças a Deus!

Nada de diferente até então, naquele primeiro período de aula. Tutti voltara com os olhos vermelhos e bastante alheia ao que acontecia à sua volta. Fumara algo que todos sabiam o que era, mas ninguém iria contradizê-la. A aula de Sociologia estava mais desinteressante do que nunca com a professora de óculos fundo-de-garrafa e cabelos despenteados já grisalhos falando sobre a AIDS na África e ninguém prestara atenção até Junie fazer sua observação:
- Professora, não seria interessante se na África houvesse um metrô? Ia ser a solução perfeita para lá! - dizia realmente animada.
Para a supresa de todos os presentes, Tarcie, que nunca dizia nada, começou a ralhar com a irmã, parecendo ainda mais belo aos olhos das garotas:
- O QUE É que o METRÔ poderia fazer para ajudar os africanos na luta CONTRA a AIDS, Juniella? - perguntava realmente nervoso. Ninguém sabia que tinha princípios tão enraizados.
- Bem, TARCÍSIO, se lá tivesse ao menos um metrô, as pessoas poderiam ir até a cidade comprar medicamentos e preservativos rapidamente! Não é óbvio?! - Junie dizia com sabedoria admirada por todos da sala, exceto seus três companheiros. Tarcie não pôde ouvir a resposta pois assim que a irmã começara a falar, sua música preferida iniciara no mp3.
Tutti e Kléo estavam absolutamente perplexos, e gritavam a plenos pulmões:
- NÃO dá pra acreditar que ela DISSE que o METRÔ é solução pra AIDS!! - Kléo gritava com sincera indignação - O METRÔ, Tutti! O METRÔ!
- O que NÃO DÁ PRA ACREDITAR é que esses IDIOTAS concordaram e essa INÚTIL da professora deu ponto positivo pra ela!!!! - Tutti esbravejava. Sua voz soava como um raio pela classe, que se encontrava dividida. Junie era, bem, Junie, sabe! Ela tinha idéias muito brilhantes, mas Tutti e Kléo eram muito inteligentes, e ninguém queria cair no desgosto deles, embora em seu âmago soubessem que o dois já não gostavam deles. A professora não sabia o que fazer, não podia assistir uma briga entre os quatro ou comprar briga com aqueles dois, era muito para ela, e numa tentativa desesperada de fazer reinar a paz, disse com voz trêmula:
- Juniella e Tarcísio Mancini, um ponto positivo por suas observações. Lavínia Gervasi, um ponto positivo também, por ter contribuído com a aula de hoje e Kléber Bittencourt, um ponto para você também por ter complementado com suas opiniões. - e olhou a classe em busca de aprovação.
Num uníssono que ecoou por todo o colégio, os Quatro Maravilhosos gritaram, em perfeita sincronia:
- JA-MAIS ME CHA-ME DE...
- JUNIELLA!
- TARCÍSIO!
- KLÉBER!
- LAVÍNIA!

E o sinal tocou novamente. Intervalo!!!!
Durante um ano, Junie havia namorado um garoto popular do colégio. Foram apelidados de "Casal Perfeito". Realmente combinavam. Junie era uma princesa e só poderia namorar um príncipe. Ricardo era alto, cabelos loiros, propositalmente desgrenhados, malhava e tinha as costas largas. Parecia perfeito... por fora. Mulherengo e completamente infiel, deixara Junie louca em várias ocasiões, até que ela, como diria Tarcie, "se tocou" e "deu um fora nele". Pois bem, só que agora ele queria a princesinha de volta e, para falar bem a verdade, estava quase conseguindo.
- Ai, sei não, Tutti. Acho melhor eu voltar com ele. Tem muita menina atrás dele e posso perder pra elas. Sem contar que daqui a pouco vou ter dezessete anos e ainda sou, cê sabe, virgem - a última palavra havia sido proferida quase que como um sussurro, não querendo que Kléo, que estava a seu lado, risse.
- Meu, você não falando sério! Ele te chifrou com todo mundo! Fora que... meu, NÃO! Já me basta aquela bicha-pão-com-ovo se ouriçar toda pelo canalha do Marcello. O Ricardo não vale um centavo sequer. E quanto à sua, bem... você sabe, tem cara muito melhor por aí. Por favor, viu! - dizia a amiga, mascando chiclete sabor tutti-frutti.
- Você é afim do Bruno, que é amigo do Marcello e do Ricardo, então, cala a boca! E você não deveria me dizer para esperar o cara certo? - Junie indagava.
- Ué, por que eu iria dizer isso? - Tutti agora acendia um cigarro.
- Ah, é o que as amigas dizem, sabe? "Espera o cara certo, tudo tem sua hora...", não é?
- Tudo tem hora certa, mas a hora certa sempre é agora! Só que o Ricardo... na boa, não!
Mas Junie não deu atenção, estava pensando em como voltar para Ricardo fazendo-o acreditar que era por insistência dele e não por vontade própria. Em meio a tais pensamentos cruciais, chegam as Três-Marias, grudadas como sempre, com sorrisos idênticos, cabelos idênticos e roupas idênticas, mudando apenas a cor.
Junie sussurra para Tutti: "Lá vem as trigêmeas", e Tutti dá um sorriso mecânico, que fez com que as gêmeas sentissem suas espinhas congelarem.
- Ooooi Junie, oi Kléo e oi Tutti! Tudo ótimo com vocês?
- Melhor agora - respondeu Tutti, com voz estranhamente carinhosa, enquanto Junie somente assentia com a cabeça e Kléo ria.
- Nós, minhas irmãs e eu, estávamos... sabe, nos perguntando se por acaso, vocês sabem onde o Tarcie está - perguntava a Maria do meio, Maria Clara, talvez. Todos os alunos do pátio olhavam para as corajosas trigêmeas e, mais ao longe, alguém derramou uma lágrima de emoção. Tutti e Kléo eram capazes de sorrir.
- Bom, sim, é claro! Ele está na quadra antiga, - Junie dizia animada, e as meninas tremeram. A quadra antiga era uma quadra fechada a sete chaves por causa de um incêndio que matara nove alunos lá dentro - acho que Tutti e Kléo não se importam em levar vocês até lá, né?
- Ah, claro que não! Ele vai ficar feliz por ver vocês! - dizia Tutti, enquanto as meninas congelavam. Um sorriso estranho, sem alegria de verdade estava estampado no rosto de Kléo.
- Bom, meninas, vou com a Tutti levá-las lá, preciso mesmo falar com o Tarcie sobre umas gatas aí... - e olhou malicioso.
As meninas vibraram com a idéia. Kléo era tão bonito. Nunca trairiam seu grande amor, Tarcie, mas era bom estar com mais outro cara lindo, também. O pensamento quase as fez esquecer que iam ao lugar assombrado do colégio.
Junie tinha o dom da persuasão, e há uns quatro anos, havia conseguido uma cópia do molho de chaves do colégio com o zelador e logo trocara com Tutti por um pote de creme facial importado que Lia Gervasi comprara em Milão.
Chegando na antiga quadra, Kléo entrou primeiro, usando as chaves de Tutti. As gêmeas se perguntaram como eles conseguiram aquilo, mas preferiram ficar caladas. Quando Kléo saiu, com um sorriso no rosto, elas não sabiam se ficavam aliviadas ou se corriam.
- Ele lá dentro fumando. Querem esperar ele terminar e voltar depois, ou...
- Não! A gente não liga! - E correram para o proibido prédio.
Ao que as Marias entraram tão rapidamente, Kléo e Tutti gargalhavam e contorciam-se. Viram Tarcie correndo rapidamente até eles para dizer bem alto, "Junie acabou de beijar o Ricardo." Kléo que já havia trancado o portão, correu rapidamente até o pátio e Tutti, ainda assimilando a aparição de Tarcie e o que ele havia dito, correu uns três segundos depois, pensando: "Eu vou matar aquela piranha!"
Junie foi cercada pelo irmão e os dois amigos que gritavam palavras sem nexo. A única coisa que conseguia ouvir era o irmão, que sempre agira como um vegetal, vociferando coisas como "... uma idiota", e "... aquele filho da pu...", Tutti quieta, esquartejava-a com o olhar e Kléo indo em direção a Ricardo. Então ela se voltou para o irmão, tentando se justificar:
- Ai, Tarcie! Que é que tem?! Ele é lindo e tem status. Foi meu primeiro namorado e acho que já estamos maduros para uma relação mais... sabe?... íntima!
- Só porque você quer, cê sabe... não quer dizer que qualquer um serve! Esse cara não presta! E nós temos mais status que ele! - gritava o irmão. Após mais alguns argumentos da parte de ambos, uma outra briga lhes puxou a atenção. Kléo e Tutti estavam numa calorosa discussão com Ricardo, que parecia adorar a situação.
- Não chega perto dela, seu imbecil! Juro que acabo com você. Você nem vai saber o que te atingiu! - gritava Tutti, apoiada por Kléo, que dizia firmemente:
- Já vai saindo daqui, garoto! Não me obriga a ir até aí...
Ricardo sabia como Kléo era popular com o pessoal da escola, apesar de ser antipático, e achou melhor não comprar briga com ele. Embora tivesse um pouco de medo de Tutti, não achou que ela estivesse falando sério, mesmo sabendo do que ela já havia feito com outros alunos.
- Kléo, relaxa cara. Não quero brigar com você... gosto da Junie, tá legal? - e se sentiu feliz por ter enfrentado aquele garoto ameaçador. No clima de vitória, emendou:
- Lavínia, florzinha de cemitério! Vai cuidar da sua vida! Volta pra Família Addams, Vandinha! - e logo que disse, houve silêncio. Estava se arrependendo do que disse quando, devido a um sorriso assustador de Tutti, desejou nunca ter nascido. A menina calmamente lhe disse:
- bom. Se é assim que você quer... - e saiu, sorrindo.
No metrô, Kléo perseguia um garoto de franja que andava a sua frente, descompromissado. Ainda tinha em mente o encontro com Marcello, mas um flertizinho não machucava ninguém. Tarcie e Tutti discutiam sobre o cenário punk moderno, que para Tutti não existia e para Tarcie estava bombando. Nenhum deles falava com Junie, que andava atrás de todos, folheando o fichário da Hello Kitty, que comprara em Miami. Nem percebeu que os amigos já haviam entrado no vagão, que começou a se mover. Num ato rápido, um cara que estava perto dela a puxou para si, evitando que Junie caísse nos trilhos.
- Seu imbecil! Meu fichário! Por que você fez isso, seu idiota?! - gritava a menina, sem olhar o rapaz que salvara sua vida.
- Antes a droga do fichário do que você, garota! Você ia cair ali. - esbravejava o rapaz, não acreditando que ela estava pensando no fichário e não em si mesma.
- Pega meu fichário agora, seu monstro! - Junie dizia com lágrimas nos olhos, ainda sem olhar para ele. Mas tarde demais! O outro metrô chegara. O rapaz, antes de entrar, gritou:
- Ah! Então morre, patricinha metida a besta!
Junie, ainda com lágrimas nos olhos, o olhou pela primeira vez, e não conseguia acreditar no que via. Ele era simplesmente lindo! E havia apertado-a contra seu corpo! Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, o vagão se movia, até ir embora. Acontecera! Ela teve seu Subway Love.





3 comentários:

  1. Vai...fala sério!! somos FODAS demais!!!

    Segundo capítulo vindo aí, geeeente!

    ResponderExcluir
  2. poouxa Tutti. cadê o second chapter ?
    tou ansiosaa.
    Kléo bixaa pao-com-ovo-linguiça-e-mortadela kd vc ?

    bjuu me liga

    ResponderExcluir