aluguel de apartamentos blogarama.com Subway Love: Capítulo 2

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capítulo 2

- Aaaaaai Tutti! Ele era tão lindo! Me agarrou, cara! Se eu soubesse que ele era o cara mais lindo da terra não teria xingado ele! - Junie exclamava na escola no dia seguinte.
- É, eu vi. Se você não estivesse tão preocupada com a droga do fichário, ele poderia até gostar de você... - respondia Tutti secamente.
A aula estava excepcionalmente chata. Matemática deveria ser crime, todos pensavam. Junie ainda floreava romances sobre o cara do metrô quando olhou para o lado e tomou um susto ao ver três carteiras vazias.
- Gente! Que horas vocês tiraram as Marias da quadra?!
Tutti e Kléo se olharam e, atônitos, correram para fora da sala. Tarcie olha e pergunta a Junie o que acontecera, quando ela lhe contou o garoto também correra. Encontra Tutti e Kléo em frente a antiga quadra. A menina mascava seu chiclete desesperadamente e Kléo ria.
- Ah! Tatá, tira as meninas daí pra gente? Elas podem não entender a nossa brincadeira, sabe? - Tutti dizia, sorrindo para Tarcie.
- Não! Se elas forem na diretoria eu que me ferro! - Tarcie argumentava.
- Tá bom... Desculpa por ter pedido sua ajuda. Sempre fui sua amiga e, inocentemente, achei que você gostasse de mim... - Tutti apelava, fazendo cara de choro e beicinho.
- Ah, tá bom! Mas corre daqui! Você também Kléo!
E destrancou a porta depois que os amigos já estavam longe. As Marias saíram, chorosas e abraçaram Tarcie. Contaram que Tutti e Kléo as haviam atraído para lá.
- Vocês não vão querer espalhar isso. Aconselho vocês a não mexerem com meus amigos, estou falando SÉRIO! - e saiu, imponente.
As Três Marias o olhavam caminhar para longe. Talves Tutti e Kléo não tenham feito por mal, aliás, já não sabiam se foram eles ao certo. Teriam que contar aos pais o que acontecera, afinal, nunca passaram a noite fora, principalmente no meio da semana.

As aulas haviam acabado e os Quatro Maravilhosos caminhavam em direção ao metrô. A situação com Junie melhorara.
- Junie, sério mesmo que você vai continuar com o Ricardo? - Kléo perguntava à amiga, num misto de tristeza e raiva.
- Ah, vou! Ele é bonito e talz... - Junie respondia incerta.
- Se você continuar querendo ser corna, be-le-za! Mas se o cara do metrô te olhasse de novo, você nem ia poder investir nele, ... - tentava Tutti confundir a amiga, que se encontrava irredutível.
- Pára! Ele é legal! E, o cara do metrô é outra história!
Tarcie fitava a irmã sem dizer nada. Todos sabiam no que ele pensava.
Entraram no segundo vagão. Junie olhava para todos os cantos afim de achar o menino. De repente sentiu seu corpo como numa corrente elétrica. Achara. Ele estava sentado, com fones no ouvido, cabeça encostada na ponta do assento. O pescoço alvo, forte esticado, o cabelo castanho-escuro e os olhos fechados deixavam sua aparência ainda mais desejável. Notou que a frente do garoto, havia dois lugares livre e puxou Tutti para lá.
- Olha ele aí! Meu Deus! Ele é perfeito, ? - Sussurrava Junie para a amiga, que se sentara de um jeito provocante, com os joelhos de fora.
- Ele é bonitinho... - Tutti respondera, imaginando uma escala de beleza em sua cabeça. "1, 2... 7... 10... 11!" pensava ele. - Ele é realmente muito bonito! - notou a camiseta branca que ele usava, que tinha um rosto estranhamente familiar para Tutti, e arriscou cantar.
- Because the night belongs to lovers, because the night belongs to us... - e observa o menino abrir os olhos e fitá-la, num misto de surpresa e diversão. Ela acertara! A imagem sombreada estilo Che Guevara era de Patti Smith! Junie estava se escondendo sob o cabelo, não querendo virar o rosto para ele. Corava. Tutti ficou extasiada pelos olhos do menino, um verde tão profundo e penetrante que a fazia perder o fôlego. Apenas um garoto parecera assim tão envolvente para ela, e ainda parecia. Deu uma disfarçada cutucada na amiga e mostrou sua bolsa, com um botton de Patti Smith para o garoto, que sorriu para ela.
- Como é seu nome? - Tutti perguntava, enquanto dava outra cutucada na amiga.
- Caíque, e você? - O garoto respondera, com os lábios bem definidos e ainda com o olhar divertido.
Junie virou-se lentamente de maneira sensual, fitando-o. Caíque arregalou os olhos mal podendo acreditar que existia uma menina tão linda, mas de súbito lembrou-se dela, "A menina do fichário", pensou com amargura, e fechou o sorriso, ainda a encarando.
- Me chama de Tutti - A amiga tentava disfarçar.
O garoto deu um sorriso, voltando-se para Tutti, levantou-se e desceu na estação seguinte, Clínicas.
- A gente se vê, Tutti. - disse e saiu.
Junie sentiu o mundo girar, e não falava nada. Não reparara que ainda tinha a voz dele em sua cabeça, quando chegou a estação Vila Madalena, onde desceu com os amigos.
Já haviam atravessado os grandes portões do condomínio onde moraram quando Seu Zé, o porteiro a quem amavam como se fosse um pai, disse-lhes:
- Crianças! Hoje os pais de vocês não estão em casa. Juju e Tarcisinho, sua mãe disse que chega tarde hoje, depois do seu pai. Klebinho, sua mãe foi numa reunião na casa de uma amiga, seu pai volta mais cedo hoje e disse que te busca no jiu-jitsu. Lávi, nem os empregados estão hoje, pode almoçar lá em casa. O Danilo tá aí hoje! Vocês podem conversar.
- Brigada, Seu Zé! - todos disseram e foram subindo a rua.
Aquele era realmente lugar para gente rica. As ruas eram arborizadas e bem cuidadas, casas enormes, de portões altos divididos pelas quadras do lugar. Junie e Tarcie moravam na casa mais alta da rua. Os portões de ferro eram cobertos por heras e treliças, a casa lá dentro parecia um castelo. Grande, limpa, jardins bem feitos, uma piscina no quintal. Tudo o que um adolescente poderia querer. Tutti morava duas casas para baixo, duas enormes e folhosas árvores ficavam nas extremidades dos muros, que eram altos e tinham cercado elétrico. A casa era estilo européia, pedra cinzente e heras nas paredes. Cinco quartos no segundo andar, todos com varanda garantem uma sacada única em volta da casa. Kléo morava na casa ao lado, a maior de todas. Toda a casa era de vidro, mas de fora ninguém conseguia ver nada. A enorme garagem continha vários carros modernos, e havia um porteiro particular na entrada.
Quando Tutti entrou no casarão, desabou em lágrimas assim que teve certeza que a porta havia fechado. Queria gritar e bater! "Ninguém em casa", pensava ela. Já estava acostumada a não ter a presença dos pais, mas nunca havia ficado sem empregados na casa. Sentiu um súbito ódio e seguiu para a sala de jantar, com mais lágrimas caindo dos olhos. Olhou para o armário onde estavam guardados os cristais e a louça chinesa de sua mãe. Escancarou a portinhola e jogou prato por prato no chão, taça por taça, quebrando tudo. Milhares de reais, talvez dólares, jogados fora. Subiu com toda a velocidade para o andar de cima e, ainda cheia de ódio, quebrou tudo que havia no seu quarto. Caiu no chão, depois de extravasar sua fúria. Dormiu.

Era noite. Junie, Kléo e Marcello estudavam para um trabalho na casa da menina. Seus pais haviam saído. Tarcie estava na sacada de seu quarto fumando a maconha que comprara de uns amigos do Villa-Lobos quando viu a garota chegando. Ela sempre fora mais alta que a maioria das meninas que ele conhecia. A pele bem clara estava iluminada pela luz de seu quarto. Seus olhos verdes sorriam para ele, assim como seus lábios rosados. O vento balançava os longos cabelos cor de sol que ela tinha. Quando se sentou ao seu lado, Tarcie pôde sentir o cheiro do chiclete que ela mascava. Gostava disso. A menina ria alto, parecendo genuinamente feliz.
- Hahaha... você não vai acreditar! O Kléo acabou de dar um beijo no Marcello! Hahaha... - dizia, atrapalhando-se nas palavras pela risada. - Deixa eu fumar também, vai!
- Ele o quê? Cara... Sabia que aqele moleque era viado! Não vai fumar, não! é novinha demais. Devia estar brincando de boneca. - Tarcie zombava da amiga.
- Treze anos! E você só tem quatorze! Se liga. - Tutti argumentou, tirando o cigarro da mão do menino.
Entre os dois, havia um sentimento visível, porém, não declarado, verbalmente, pelo menos. Quando a maconha já havia surtido efeito, os dois estavam aos beijos, parando um pouco para fazer outro cigarro.
- Esse é pra mais tarde. Vamo entrar no meu quarto. - Tarcie disse sério.
- ... - Tutti respondeu, sabendo o que viria em seguida.

Quando Tutti acordou, sentiu seu rosto molhado por lágrimas. Odiava lembrar daquela noite. Decidiu beber a garrafa de vodka da pequena adega de seu pai. Dormiu novamente, depois de beber muito.

Kléo estava em casa, acabara de entrar. O pai ia levá-lo no jiu-jitsu. E agora?! Subiu as escadas de vinte e cinco degraus e passou por alguns corredores até chegar à seu quarto. Achava a própria casa tão impessoal. As paredes brancas, com quadros geométricos. Móveis modernos e desconfortáveis. Sua mãe decorava a casa baseada em cada nova tendência que aparecia em matéria de decoração. Foi para o quarto, onde se sentia ainda mais desconfortável.
O lugar era imenso, paredes cinzas, pôsteres de mulheres quase nuas decoravam a parede. O pai não permitia que ele limpasse o próprio quarto, dizia que era coisa de mulher e de bicha. "Eu sou bicha, pai", pensava ele. Havia momentos em que queria contar para ele, contar que nunca transara com Tutti, como ele contou para o pai que tinha feito, queria contar que fazia aulas de maquiagem e não de jiu-jitsu. Queria contar tanta coisa... Como não podia, fechou os olhos e recordou, com um sorriso saudoso.

Ele, Junie e Marcello estavam na casa dela, estudando. Sempre gostara daquele garoto e ficava feliz por estar perto dele. Quando Junie foi pegar mais suco, o garoto alto, de cabelos castanho-escuros bem cuidados, e olhos cor de mel se aproximou:
- Posso fazer uma coisa? - Marcello perguntou, em seu tom de voz baixo e provocante. Antes que Kléo pudesse responder, Marcello o beijara. Um beijo longo e quente. Tutti chegara nessa hora e riu, depois subiu. "Foi fumar com o Tarcie.", pensou Kléo. Quando se afastou, pôde ver Junie olhando.

Abriu os olhos, rindo, feliz. Colocou o kimono e foi para a aula. Quando o pai aparecesse, acharia que o filho esteve na aula o tempo todo. E foi embora.

Tarcie entrou antes da irmã em casa. Os empregados limpavam a sala, com móveis caros, enfeites e vasos de flores. Foi direto para a cozinha e almoçou. A cozinha era toda branca e moderna. Enquanto a irmã ajeitava seu prato cuidadosamente para que Inácia colocasse a comida, Tarcie olhava a janela, tentando avistar a casa que ficava duas casas abaixo da dele. Só podia ver as árvores.
Ela não estava na piscina, certeza. Subiu a escada limpa meticulosamente em direção a seu quarto. Abriu a porta e se trancou lá dentro. As paredes eram azul-escuro, cobertas por lambe-lambes, pôsteres de skatistas famosos, o chão não aparecia mais, eram tantas camadas de roupa
sujas jogadas nele que cobrira-o por completo. Deitou na cama, aquela mesma cama. Perguntava a si mesmo se poderia reviver tudo se dormisse. E dormiu.

Depois daquela noite, alguma coisa havia mudado para ele. Foi a primeira vez que fez muitas coisas, mas alguma coisa mais profunda acontecera. Quando ela chegou para falar com ele, no outro dia, antecipara-se:
- Ah, sabe... maior brisa ontem. Nem acredito naquilo, nunca mais fumo perto de você! Hehehe, tava na brisa total. - disse, tentando parecer casual. Mas alguma coisa aconteceu nos olhos dela, como se uma luz tivesse sido apagada.
- É... na brisa! Eu também! Bom... vou pra casa - e saiu. Ela tinha a voz trêmula. Tarcie não se dera conta disso, anos atrás.

Quando despertou, repetia em sua cabeça "Idiota! Idiota! Como eu... ah! Idiota!" e saiu de casa, foi para o Villa-Lobos pensar em outra coisa.

3 comentários:

  1. adore seu blog, é muito tri, vou ate segui ele, quando de da uma olhada no meu ta!
    http://henrique199.blogspot.com/

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  2. amei, muito legal a história, posta mais

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  3. Adorei seu blog..
    ^^

    sou nova por aki !
    visite meu blog qdo puder..

    http://lefritexx.blogspot.com

    x o x o .

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